Tipos de exercícios

Na fase inicial da doença de Alzheimer, o idoso deve ser instruído a manter o máximo possível todas as atividades que ele já faz. Pode-se acrescentar alguns exercícios para melhorar aquilo que ele tem dificuldade, relacionados a seguir.

 

 

Para o equilíbrio

 

Pedir para o paciente tentar equilibrar-se em um pé só, primeiro segurando em algum apoio, se for necessário, e depois ir soltando até que ele fique em um pé só.

 

Outro exercício que pode ser feito é pedir para que o paciente fique de pé em uma superfície instável, como um colchão, sem se apoiar em nada, e, se isso for fácil, pedir para que ele caminhe sem sair do lugar sobre essa mesma superfície.

 

 

Para encurtamentos

 

É necessário manter uma série de alongamentos para que o paciente evite encurtamentos.

 

  • Entre os exercícios, peça para que o idoso coloque as mãos na cabeça e depois estique os braços como se fosse alcançar o teto, sempre repetindo mais de uma vez.
  • Outro exercício é pedir para que o idoso fique de pé, com as pernas esticadas, e então pedir-lhe que tente alcançar os joelhos ou o chão, se ele for capaz, sempre respeitando as suas limitações e com uma série de repetições.
  • Fazer movimentos com a cabeça, olhando para cima, para os lados, para baixo, e inclinando para um lado e para o outro.
  • Encostar uma mão na outra, nas costas.
  • Tentar abraçar a si próprio, encostando uma mão no ombro oposto, e vice-versa.

 

 

Para o condicionamento cardiorrespiratório

 

É muito importante estar sempre controlando a respiração do idoso, fazendo com que ele respire da forma correta: puxando o ar pelo nariz e soltando o ar pela boca (o ar deve ser solto pela boca mais devagar do que ele é puxado pelo nariz).

 

Também é importante, durante a atividade física, estar atento à pressão arterial, mesmo que o idoso não tenha pressão alta, pois é comum a pressão ser alterada durante uma atividade física.

 

 

Para força muscular

 

Existem inúmeros exercícios para ganho de força muscular, mas eles são muito específicos e variam de paciente para paciente, então não é possível dizer o que fazer de uma forma geral. Mas é possível orientar que:

 

  • Todo idoso deve manter uma frequência de caminhadas em locais planos e estáveis e treinar sentar-se e levantar-se da cadeira e da cama.
  • Quando for orientado a fazer exercícios com carga, o idoso pode usar como peso saquinhos de açúcar, sal, arroz, feijão e todos os tipos de pesos que estiverem ao seu alcance para exercitar os braços. Se for necessário o uso de carga para as pernas, esses não são os pesos adequados, pois não é possível prendê-los aos pés.

 

 

Para o sono

 

Como o idoso normalmente tem algum tipo de problema para conseguir dormir, temos que orientá-lo em alguns aspectos, como por exemplo:

 

  • Saber qual a posição que ele normalmente adormece, a fim de adaptar e ajustar travesseiros para sua melhor acomodação.
  • Ensiná-lo a se levantar e se deitar na cama.
  • Explicar que deve existir uma rotina a ser seguida e regras a serem cumpridas, como, por exemplo, só utilizar o quarto para dormir.
  • Não ler na cama.
  • Não assistir à televisão deitado.
  • Não ingerir muito líquido à noite.
  • Evitar refeições pesadas antes de se deitar.

 

Esses são alguns fatores que podem fazer com que o sono do idoso melhore. Caso ainda reclame de dificuldades para adormecer, é preciso que ele seja encaminhado para um profissional que possa melhor ajudá-lo.

 

Conforme a gravidade da doença de Alzheimer for progredindo, a execução das atividades pelo paciente vai ficando cada vez mais difícil. Enquanto o idoso ainda consegue ficar de pé sem auxílio, ainda é possível realizar essas atividades descritas. No entanto, a partir do momento em que o idoso precisar de algum tipo de ajuda para levantar-se e caminhar, aí começamos a adaptar as atividades de acordo com suas limitações.

 

Todas as atividades descritas ajudam a prevenir o avanço da doença de Alzheimer, mas, em algum momento, ela vai progredir, fazendo com que o idoso que não tinha nenhum relato de quedas comece a relatá-las. Quando isso ocorrer, é sinal de que o idoso precisa de algum tipo de auxílio, que no começo pode ser uma bengala, por exemplo.

 

Quando o paciente começa a utilizar algum tipo de órtese, existem algumas informações que devemos saber, como qual a órtese adequada para cada paciente. Essa ajuda deve ser feita por um profissional capacitado para esse tipo de informação, como, por exemplo, um fisioterapeuta. Isso ocorre por existirem diferentes tipos de bengalas, andadores, muletas e até mesmo cadeiras de rodas. Qualquer tipo de órtese deve ser de uso individual e exclusivo de cada idoso, pois precisa ser ajustado e regulado de modo que exerça sua função perfeitamente.

 

É importante que o profissional que esteja fazendo o tratamento do idoso paciente da doença de Alzheimer, mesmo que este esteja sendo atendido em uma clínica particular, conheça a sua residência e faça algumas considerações em relação aos cômodos da casa.

 

Alguns cuidados com o ambiente onde o idoso vive

 

Mobílias

 

  • Os caminhos por onde o idoso passa devem estar desobstruídos.
  • Os móveis de centro e de canto não devem ter quinas.
  • Toda a mobília deve ser e estar estável.
  • As poltronas devem ter um encosto para as costas e apoio para os braços.
  • Evitar tapetes que escorregam.
  • Não deixar fios no chão pela casa.

 

 

Cozinha

 

  • Deixar todos os utensílios ao alcance das mãos.
  • Evitar vazamentos na pia.
  • Chave do gás com fácil acesso.
  • Fogão com altura adequada, evitando bocas atrás.
  • Mesa de jantar estável.
  • Bancada com altura acessível.

 

Quarto

 

  • Ter o quarto de preferência no térreo.
  • Banheiro próximo.
  • Janelas de correr.
  • Cama com 45 cm de altura.
  • Densidade correta do colchão.
  • Guarda-roupas.
  • Interruptor perto da cama.

 

 

Banheiro

 

  • Barras de apoio.
  • Pia fixa.
  • Altura de 50 cm do assento.
  • Boxe com porta de correr.
  • Cadeira adequada para banho.
  • Sabonete líquido.
  • Bom escoamento da água.

 

 

Iluminação

 

  • Iluminação natural.
  • Escadas bem iluminadas.
  • Interruptores perto das portas.

 

 

Cuidados na doença avançada

 

Com o avanço da doença de Alzheimer, a execução de atividades físicas vai ficando cada vez mais difícil, mas, mesmo quando a doença já estiver em uma fase mais avançada, o profissional (um educador físico ou um fisioterapeuta) deve continuar fazendo as atividades com o idoso.

 

  • As atividades devem ser orientadas de maneira clara e em voz alta, de forma que o idoso consiga entender o que está sendo dito.
  • As atividades devem ser feitas em uma velocidade condizente com a dificuldade de cada idoso, levando-se em conta sempre a amplitude de movimento em que não há perigo de lesionar o idoso.
  • Conforme a doença de Alzheimer for progredindo, é necessário que o profissional faça as atividades junto com o idoso, de forma que ele imite o profissional para realizar tal atividade.

 

Quando a doença de Alzheimer já está em um estágio avançado, temos que ter um cuidado especial com a pele do idoso. Isso ocorre porque ele acaba ficando acamado e podem surgir escaras de decúbito, que são necroses cutâneas que se formam em pontos de pressão ou irritação do corpo, em pacientes que permanecem por muito tempo no leito.

 

Para evitar que isso ocorra, é preciso estar sempre mudando a posição do paciente no leito e verificar continuamente se existe algum tipo de lesão nos locais de maior pressão, como o cóccix, os quadris, os calcanhares e locais de pouca gordura. Além disso, é preciso sempre hidratar a pele do idoso.

 

Em relação ao equilíbrio do idoso, não devemos dizer qual é a melhor postura ou qual é a postura correta que ele deve ficar, mas sim observar qual a sua postura e adaptá-lo de forma que ele fique confortável. O centro de gravidade vai alterando conforme mudamos de posição, por isso conseguimos nos equilibrar em diferentes posições.

 

A doença de Alzheimer é um tipo de demência, e existem estudos na literatura mostrando uma associação positiva entre os níveis elevados de atividade física e boa saúde mental. A prática de atividade física entre os idosos favorece a interação social, melhora a autoeficácia e proporciona uma maior sensação de controle sobre os eventos e demandas do meio. Em idosos deprimidos, os efeitos benéficos residem em uma série de fatores, como, por exemplo, melhora do humor, redução das respostas fisiológicas ao estresse, efeitos positivos na imagem corporal, no funcionamento cognitivo e na autoestima.

 

Ainda cabe lembrar que a atividade física, além de reabilitar um idoso que tenha a doença de Alzheimer, é preventiva mesmo antes de a doença ser identificada. Quando o idoso não é sedentário, a atividade física retarda a progressão da doença de Alzheimer. Além disso, diminui o risco de quedas, mantendo a força muscular, apesar de existir uma perda de massa muscular devido à idade (atrofia muscular).

 

Fonte:

Por Maria Beatriz Frigério Arantes

Fisioterapeuta/ UNIFESP/ SÃO CARLOS

× Como podemos te ajudar?