A importância do cuidador

Apesar do aumento de expectativa de vida mundial e especialmente no Brasil, não houve campanhas de prevenção das doenças mais comuns do envelhecimento.

 

As famílias devem estar atentas a qualquer alteração física ou comportamental nos idosos. Geralmente, elas percebem alterações, mas não dão a devida atenção, atribuindo-as à idade ou à exacerbação de um temperamento forte que a pessoa já apresentava.

 

Com a piora do quadro, o familiar é levado ao médico e, geralmente, vem o diagnóstico de uma doença até certo ponto grave, que pode ser física ou mental.

 

Os familiares começam a viver um luto antecipado, principalmente se o diagnóstico for de uma doença incurável, como a doença de Alzheimer.

 

Contudo, ela não deve ser encarada como uma sentença de morte, sem cura, e sim, sujeita à possibilidade de tratamentos que amenizam os efeitos e postergam o avanço da doença, proporcionando mais qualidade de vida à pessoa enferma e,
também, aos familiares.

 

A instalação e a progressão da doença conduzem paciente e família a um transtorno que parece regredir a vida de todos. A perturbação emocional mobiliza a estrutura do doente e de quem com ele convive.

 

O diagnóstico apresenta à família uma situação difícil. Todos são atingidos pela doença. São mudanças importantes que ocorrem com os pacientes e com as famílias, que adoecem junto. É uma situação de crise que consome pela exaustão.

 

Os sintomas impostos ao doente geram uma dependência progressiva, chegando a ser total. Por isso, a necessidade de contar com um cuidador.

 

O familiar surge como cuidador em função da disponibilidade e do amor e, quando toma consciência, a função já está estabelecida, eliminando de sua rotina ocupações que lhe eram importantes e fazendo “cair a ficha” de que projetos de vida desejados e planejados ao longo dos anos terão que ser adiados e outros, cancelados.

 

Nos casos de doença de longa duração, os recursos físicos e emocionais chegam ao esgotamento.

 

Você, cuidador, deverá se fortalecer, desenvolver-se como ser humano e fazer o bem com consciência. Amor, carinho e solidariedade serão partes integrantes de seu universo.

 

O doente passa a ser totalmente dependente quanto ao atendimento básico: alimentação preservação de sua dignidade, com atenção e afeto.

 

Enquanto o doente estiver em condições de executar as tarefas mais simples, o cuidador deve estimulá-lo e auxiliá-lo. Quando não for mais possível, o cuidador será aquele que vai minimizar essa dor, por meio do seu contínuo atendimento, sem perder a dimensão do bem e do respeito ao direito de autonomia do paciente.

 

Com coragem, enfrente os obstáculos apresentados pela doença. Reaja! Não perca o significado da vida. Só cuida bem quem está bem.

 

Tanto o cuidador informal (familiar) como o profissional (contratado) devem ser vistos e respeitados como pessoas de funções imprescindíveis quando surge esse quadro na família.

 

O familiar cuidador é a pessoa mais importante na vida de um paciente com a doença de Alzheimer. É ele quem deve se relacionar com o cuidador profissional (nas famílias em condições e em que o familiar cuidador necessite se ausentar, por ter atividade profissional ou outra responsabilidade).

 

Cuidar é um ato de amor. Em tudo, imprima essa marca.

 

Aceitar a doença é aceitar as consequências, especialmente a depressão e a solidão. Enfim, a morte. A doença de Alzheimer é de longa duração, portanto com tempo – supõe-se – de nos prepararmos para a perda e de aceitarmos que temos nossos limites. No entanto, quando nos defrontamos com essa realidade, a maioria de nós se dá conta de que a morte não faz parte dos nossos planos, não há preparação.

 

Essas cicatrizes profundas nos fazem renascer, mas com outro olhar. Compreendemos que a perda daquela pessoa tão querida não podia se somar à perda de nossa própria existência.

 

Nessas situações, nós nos fortalecemos e percebemos que tínhamos reservas até então desconhecidas. Desenvolvemos uma boa consciência. Adquirimos serenidade para controlar nossos medos quando precisamos tomar decisões difíceis. Encontramos a sabedoria que nos foi concedida pelo amor.

 

Então, alcançamos o segredo da felicidade, que se encontrava em nossas mãos e que não conseguíamos enxergar. Desenvolvemos nossa criatividade frente a situações difíceis. Alcançamos a paz interior.

 

Experimentar a derrota também significa vivenciar a vitória.

 

Vantagens de um cuidador profissional

 

Vivemos uma nova realidade familiar e profissional. As famílias diminuíram de tamanho. As mulheres participam ativamente do mercado de trabalho.

 

Ter um familiar idoso ou com comprometimento das funções cognitivas que requer nossa atenção em todo o tempo exige reflexão. A busca do meio-termo pode ser a melhor solução.

 

Então, essa solução talvez seja optar por um profissional para cuidar do parente querido enquanto assumimos nossas obrigações profissionais ou, por algum motivo, nos vemos impossibilitados de seguir uma rotina diária em horário predeterminado.

 

A maior vantagem de um cuidador profissional é a tranquilidade de se contar com alguém com competência e experiência comprovadas por meio de cursos e treinamentos especializados e que, dessa forma, esteja preparado para cuidar de quem amamos.

 

Sua missão é zelar pela saúde do doente, mantendo sua rotina e vínculos familiares.

 

 

Grupos de apoio para familiares de pacientes com a doença de Alzheimer

 

Muito se tem estudado a respeito das intervenções para alívio dos sintomas de sobrecarga e para ajuda no manejo dos sintomas do paciente, especialmente ao longo das últimas duas décadas. De forma geral, os programas devem minimizar a sobrecarga do familiar e fortalecer recursos que permitam melhora do quadro ou que evitem seu agravamento.

 

As intervenções resultaram em redução do estresse psicológico dos cuidadores, aumento do conhecimento sobre a doença, melhora do humor e alívio da sobrecarga.

 

Os grupos que não visam ao suporte emocional como objetivo primordial podem, contudo, ter um efeito terapêutico (alívio de sofrimento psicológico). Outros grupos, no entanto, podem ser considerados mistos, por contemplar tanto a informação como o suporte emocional.

 

O grupo é a força que potencializa os recursos de cada um na luta contra as dificuldades impostas pela doença. Sua proposta é ajudar a vencer a batalha de adaptação e auxiliar no conhecimento da doença e do comportamento do enfermo. Ele oferece ao cuidador espaço para revelar seus sentimentos, sem medo de ser criticado: dor, revolta, medo, isolamento, angústia, raiva. Você fala com quem entende. Sabe que pode contar com o outro, falar e ser ouvido. Ouve e compartilha experiências. Você se sente acolhido e integrado. Celebra suas alegrias e vitórias. Ri e chora junto. Recebe e oferece ajuda. Você encontra estabilidade emocional, aprende a conviver com os problemas de modo realista e a enxergá-los em outra dimensão. Conquista novos e sinceros amigos. Cria vínculos muito fortes, aprendendo a lidar com perdas, sentimentos e frustrações.

 

Fonte:

Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ).

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