A demência vascular é a perda da função mental devido à destruição do tecido cerebral, pois seu suprimento de sangue está reduzido ou bloqueado. Geralmente a causa são acidentes vasculares cerebrais, sejam poucos derrames grandes, sejam muitos derrames pequenos.
As doenças que danificam os vasos sanguíneos no cérebro, geralmente acidentes vasculares cerebrais, podem causar Demência. Os sintomas podem ocorrer em fases, e não de forma gradual. A demência em pessoas que apresentam fatores de risco ou sintomas de um acidente vascular cerebral é frequentemente a demência vascular.
A eliminação dos fatores de risco para acidentes vasculares cerebrais pode ajudar a retardar ou evitar danos maiores. A demência vascular é a segunda causa mais comum de demência entre os idosos. A demência é uma diminuição, lenta e progressiva, da função mental, que afeta a memória, o pensamento, o juízo e a capacidade para aprender. A demência difere do delirium, que é caracterizado por uma incapacidade de prestar atenção, desorientação, incapacidade de pensar com clareza e flutuações do nível de alerta.
A demência afeta principalmente a memória, e o delirium afeta principalmente a atenção. A demência normalmente apresenta início gradual, e não um início definitivo. O delirium inicia-se repentinamente e frequentemente apresenta um início definitivo.
Tipos de demência vascular
A demência vascular inclui os seguintes tipos, que podem se sobrepor de alguma forma:
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- Múltiplos infartos lacunares – surgem obstruções em vários vasos sanguíneos pequenos localizados profundamente dentro do cérebro.
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- Demência de multi-infarto – a demência é causada por vários acidentes vasculares cerebrais, geralmente envolvendo vasos sanguíneos de médio porte.
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- Demência de Binswanger – há bloqueios disseminados dos pequenos vasos sanguíneos na substância branca, localizada nos tecidos mais profundos do cérebro. Normalmente, a demência de Binswanger ocorre em pessoas que têm hipertensão grave, mal controlada, e um distúrbio que afeta os vasos sanguíneos por todo o corpo.
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- Demência estratégica de infarto único – é destruída uma única área do tecido cerebral em uma área crucial.
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- Demências vasculares hereditárias – essas doenças afetam os vasos sanguíneos pequenos. São causadas por mutações em certos genes. Dois tipos relativamente comuns são Arteriopatia Cerebral Autossômica Dominante com Infartos Subcorticais e Leucoencefalopatia (Cadasil) e Arteriopatia Cerebral Autossômica Recessiva com Infartos Subcorticais e Leucoencefalopatia (Carasil).
A demência vascular ocorre frequentemente em conjunto com a doença de Alzheimer (como demência mista).
Causas de demência vascular
Uma série de acidentes vasculares cerebrais pode resultar na demência vascular. Esses acidentes vasculares cerebrais são mais comuns entre os homens e geralmente começam depois dos 70 anos.
Os fatores de risco para a demência vascular incluem:
- Ter hipertensão arterial.
- Ter diabetes.
- Ter aterosclerose.
- Ter fibrilação atrial, um tipo de ritmo cardíaco irregular.
- Ter altos níveis de gorduras (lipídios), incluindo o colesterol.
- Fumar (atualmente ou no passado).
- Ter sofrido um acidente vascular cerebral.
Pressão sanguínea alta, diabetes e aterosclerose danificam os vasos sanguíneos no cérebro. A fibrilação atrial aumenta o risco de acidentes vasculares cerebrais
devido a coágulos sanguíneos do coração. As doenças que causam coagulação excessiva também aumentam o risco de acidente vascular cerebral. À diferença de outros tipos de demência, a demência vascular pode ser prevenida através da correção ou eliminação de fatores de risco de acidentes vasculares cerebrais.
Coágulos: causas do acidente vascular cerebral isquêmico
Quando uma artéria que leva sangue para o cérebro fica obstruída ou bloqueada, um acidente isquêmico pode ocorrer. Artérias podem ser bloqueadas por depósitos de gordura (ateromas ou aterosclerose). Artérias do pescoço, especialmente as artérias carótidas internas, são um local comum para ateromas.
Artérias também podem ser obstruídas por um coágulo de sangue (trombo). Os coágulos podem se formar em uma placa de ateroma em uma artéria. Os coágulos também podem se formar no coração, uma doença cardíaca. Parte de um coágulo pode se soltar e viajar através da corrente sanguínea. Ele pode, em seguida, obstruir uma artéria que fornece o sangue para o cérebro.
Os acidentes vasculares cerebrais podem destruir o tecido do cérebro, bloqueando o fornecimento de sangue a determinadas partes do cérebro. Uma
área de tecido cerebral destruída é chamada de infarto.
A demência pode resultar de grandes acidentes vasculares cerebrais ou, mais comumente, de muitos pequenos. Alguns desses acidentes vasculares cerebrais
parecem menores ou podem até mesmo não ser notados. No entanto, as pessoas podem continuar a ter pequenos acidentes vasculares cerebrais, e depois de uma quantidade suficiente do tecido cerebral ser destruída, pode ocorrer o desenvolvimento de demência. Dessa forma, a demência vascular pode se desenvolver antes que os acidentes vasculares cerebrais causem outros sintomas graves ou, por vezes, até mesmo quaisquer sintomas perceptíveis.
Sintomas de demência vascular
Ao contrário de outras demências (que tendem a progredir continuamente), a demência vascular pode progredir em etapas. Os sintomas podem se agravar de forma súbita, em seguida, estagnar ou diminuir um pouco. Podem então piorar meses ou anos mais tarde, quando ocorre outro acidente vascular cerebral. demência que resulta de muitos pequenos acidentes vasculares cerebrais geralmente progride mais lentamente do que aquela devido a alguns acidentes vasculares cerebrais grandes. Os pequenos acidentes vasculares cerebrais podem ser tão sutis que a demência pode parecer se desenvolver gradualmente e de forma contínua, em vez de ocorrer em etapas.
Os sintomas de demência vascular (perda de memória, dificuldade de planejamento e iniciar ações ou tarefas, raciocínio lento, e uma tendência a vagar) são semelhantes aos de outras demências. No entanto, em comparação com a doença de Alzheimer, a demência vascular tende a causar perda de memória mais tarde e afetar menos a personalidade. Comparada à doença de Alzheimer, as dificuldades a seguir surgem mais cedo na demência vascular:
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- Planejar, resolver problemas, lidar com tarefas complexas e usar o bom senso (chamada função executiva).
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- Iniciar ações.
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- O raciocínio pode ficar perceptivelmente lento.
Os sintomas podem variar dependendo de qual parte do cérebro está destruída. Normalmente, alguns aspectos das funções mentais não são prejudicados, pois
os acidentes vasculares cerebrais destroem o tecido em apenas uma parte do cérebro. Assim, as pessoas podem ser mais conscientes de suas perdas e mais propensas à depressão do que as pessoas com outros tipos de demência.
Conforme ocorrem mais acidentes vasculares cerebrais e a demência progride, as pessoas podem ter outros sintomas devido a esses acidentes vasculares cerebrais. Um braço ou uma perna pode ficar fraco ou paralisado. Algumas pessoas podem ter dificuldade para falar. Por exemplo, podem falar de forma indistinta. A visão pode ficar embaçada ou pode ser perdida de forma parcial ou completa. Pode ocorrer a perda da coordenação, tornando o andar instável. As pessoas podem rir ou chorar de forma inadequada. As pessoas podem ter dificuldade em controlar a função da bexiga, resultando em incontinência urinária.
Demências vasculares hereditárias também prejudicam a função mental. Cadasil pode causar enxaquecas e/ou acidentes vasculares cerebrais. Carasil pode causar perda de cabelos e degeneração dos ossos da coluna vertebral (vértebras) e dos discos entre eles (espondilose).
Aproximadamente seis em cada dez pessoas morrem dentro de cinco anos após o início dos sintomas, muitas vezes devido a um acidente vascular cerebral ou ataque cardíaco.
Diagnóstico de demência
O diagnóstico de demência é baseado em:
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- Sintomas, que são identificados ao perguntar à pessoa e seus familiares ou outros cuidadores.
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- Resultados de um exame físico.
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- Resultados do teste de estado mental.
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- Resultados de testes adicionais, como tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM).
Testes de estado mental, consistindo em simples questões e tarefas, ajudam os médicos a determinar se as pessoas apresentam demência.
Testes neuropsicológicos, que são mais detalhados, são por vezes necessários. Esses exames cobrem todas as funções mentais principais, incluindo o estado de
ânimo, e a sua realização dura de uma a três horas. Esses testes ajudam os médicos a distinguir a demência de outras condições que podem causar sintomas semelhantes, tais como desgaste da memória associado à idade, transtorno cognitivo leve e depressão.
Informações das fontes acima geralmente ajudam os médicos a descartar delirium como a causa dos sintomas (consulte a tabela Comparação entre delirium e demência). Fazer isso é essencial, pois o delirium, diferentemente da demência, pode, frequentemente, ser revertido se for tratado rapidamente.
Diagnóstico de demência vascular
Uma vez que a demência é diagnosticada, os médicos suspeitam da demência vascular em pessoas que apresentam fatores de risco ou sintomas de um acidente vascular cerebral. Os médicos, então, fazem uma avaliação completa para verificar se ocorreu um acidente vascular cerebral. TC ou RM são realizadas para verificar evidências de acidente vascular cerebral.
São realizados exames laboratoriais para verificar a presença de diabetes, níveis de lipídios elevados e outros distúrbios que aumentam o risco de acidente vascular cerebral e distúrbios que afetam os vasos sanguíneos e o fluxo de sangue (distúrbios vasculares). Os resultados desses exames podem corroborar o diagnóstico de demência vascular, mas não são definitivos.
Podem ser feitos testes genéticos usando uma amostra de sangue para detectar demências vasculares hereditárias. No entanto, em vez deles pode-se, às vezes, realizar uma biópsia de pele para confirmar o diagnóstico de algumas dessas demências (como Cadasil).
Tratamento de demência vascular
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- Medidas de segurança e apoio
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- Controle das condições que aumentam os riscos
O tratamento de demência vascular envolve medidas gerais para proporcionar segurança e apoio à medida que a função mental declina, assim como para todas as demências.
Medidas de segurança e apoio
Criar um ambiente seguro e de apoio pode ser muito útil. Geralmente, o ambiente deve ser iluminado, alegre, seguro, estável e projetado de tal forma que ajude com a orientação. Alguns estímulos, como rádio ou televisão, são úteis, mas estímulos excessivos devem ser evitados.
A estrutura e a rotina ajudam as pessoas com demência vascular a ficar orientadas e obter uma sensação de segurança e estabilidade. Qualquer alteração no ambiente, rotinas ou cuidadores deve ser explicada para as pessoas de forma clara e simples.
Seguir uma rotina diária de tarefas como tomar banho, comer e dormir ajuda as pessoas com demência vascular a se lembrar das coisas. Seguir uma rotina regular na hora de dormir pode ajudá-las a dormir melhor.
Atividades programadas regularmente podem ajudar as pessoas a se sentir independentes e necessárias, concentrando sua atenção em tarefas prazerosas ou úteis. Tais atividades devem incluir atividades físicas e mentais. As atividades devem ser divididas em pequenas partes ou simplificadas conforme ocorre a piora da demência.
Controle das condições que aumentam os riscos
O tratamento de doenças que aumentam o risco de demência vascular – diabetes, pressão sanguínea alta e dos níveis elevados de colesterol – pode ajudar a prevenir e retardar ou parar a progressão da demência vascular. Para ajudar a prevenir um futuro acidente vascular cerebral, os médicos recomendam medidas para controlar os fatores de risco de acidente vascular cerebral (como um melhor controle de hipertensão arterial, diabetes e níveis altos de colesterol), parar de fumar, perder peso em caso de sobrepeso e aumentar a atividade física.
Os médicos podem prescrever um medicamento para que os coágulos fiquem menos propensos a se formar, como o ácido acetilsalicílico, ou se as pessoas apresentam fibrilação atrial ou uma doença que provoca coagulação excessiva, varfarina (um anticoagulante). Esses medicamentos ajudam a reduzir o risco de outro acidente vascular cerebral.
Medicamentos
Não há tratamento específico para a demência vascular. Por vezes, são dados inibidores de colinesterase (como rivastigmina) e memantina – medicamentos utilizados para a doença de Alzheimer –, pois algumas pessoas com demência vascular também têm a doença de Alzheimer.
Se as pessoas tiverem distúrbios que aumentem o risco de acidente vascular cerebral e distúrbios vasculares (tais como diabetes e níveis de lipídios elevados), são administrados medicamentos para tratar esses quadros clínicos conforme a necessidade. A depressão, se houver, é tratada com antidepressivos.
Cuidado dos cuidadores
Cuidar de pessoas com demência é estressante e árduo, e os cuidadores podem ficar deprimidos e exaustos, muitas vezes negligenciando a própria saúde física e mental. As seguintes medidas podem ajudar os cuidadores (consulte a tabela Cuidar dos prestadores de cuidados):
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- Aprender como atender com eficácia as necessidades das pessoas com demência e o que esperar delas – Os cuidadores podem obter essa informação de enfermeiros, assistentes sociais, organizações e materiais publicados ou on-line.
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- Procurar ajuda quando for necessário – Os cuidadores podem falar com os assistentes sociais (incluindo aqueles do hospital da comunidade local) sobre fontes apropriadas de ajuda, como programas de auxílio, visitas de enfermeiros em casa, assistência de manutenção da casa em tempo integral ou parcial e a assistência residente. Aconselhamento e grupos de apoio também podem ajudar.
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- Cuidar de si mesmo – Os cuidadores precisam se lembrar de que devem cuidar de si mesmos. Não devem se esquecer de seus amigos nem deixar de praticar seus hobbies e atividades.
Fonte:
Revista sempre jovem