ANSIEDADE: QUEM NÃO SOFRE DESSE MAL?

Mais de 24 milhões de pessoas são diagnosticadas com ansiedade no país. Esse número foi divulgado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). A boa notícia é que a ansiedade excessiva tem cura. Ou, mais precisamente, cinco “curas”. A grande questão da ansiedade é a dose, porque há a ansiedade boa e a ruim.

 

Ansiedade vem do latim ansiare, que quer dizer ansiar, esperar. A expectativa gerada por um evento importante, por exemplo, é saudável. Demonstra uma preocupação comum relacionada a um fato específico. A ansiedade considerada nociva, no entanto, é aquela que traz mal-estar e, assim, passa a ser considerada angústia, ou aquela que não passa, se tornando um quadro permanente na vida da pessoa.

 

A ansiedade nociva pode gerar gastrite, queda de cabelo, reações na pele, disfunções sexuais, mau hálito e odores desagradáveis pelo corpo – o que acontece quando a pessoa fica o tempo todo liberando cortisol, o hormônio do stress. Outros efeitos são a dificuldade de concentração, assim como a dificuldade para descansar e dormir bem.

 

A ansiedade pode ser uma característica da pessoa e também pode ser algo “aprendido”, absorvido na personalidade de alguém de acordo com a situação e o ambiente em que se vive. Temos a ansiedade traço e a ansiedade estado. A primeira pode ser percebida logo na infância, em crianças irrequietas que têm entre seus costumes não conseguir esperar, ser extremamente ativas, furar a fila do amiguinho, se mostrar irritadiças quando frustradas etc.

 

Alguns sinais podem identificar a ansiedade e a necessidade de ajuda. O primeiro deles são os sintomas no corpo que não se curam, como aquela rinite que não vai embora, menstruação muito irregular, alteração de libido, problema de pele que não se resolve. Um segundo sinal é a queda de produtividade, quando passamos a acelerar o pensamento, exigir demais dos neurônios e não conseguimos mais organizar o pensamento. Já o terceiro fator é quando pessoas ao nosso redor começam a dar sinais de que o convívio já não está mais produtivo e gostoso. Nesses casos, é indicado procurar ajuda.

 

Na tentativa de aplacar a ansiedade, precisamos nos livrar de quatro pensamentos. 

 

O primeiro é a arrogância – aquele sentimento de: “Tem que ser hoje, tem que ser agora e tem que ser porque eu quero”. Precisamos perceber que nem tudo pode ser do nosso jeito e assim nos sentirmos menos cobrados. No fundo, estamos sendo arrogantes e piorando nossa ansiedade.

 

O segundo pensamento é a prepotência. Ela traz aquela busca pela perfeição, que é inatingível. Todos nós erramos, e essa cobrança pela vida perfeita também nos frustra e nos deixa ainda mais ansiosos. Pensar: “Eu não posso errar, nada pode fugir do que planejei”, entre outros pensamentos de cobrança, gera angústia e nos tira da realidade, porque não temos controle total nem sobre nós mesmos, quanto mais sobre tudo o que acontece.

 

O terceiro sentimento é a negação e o pensamento: Não acredito, ele não podia, ela não tinha o direito de fazer isso”, etc. Isso acaba com nossa saúde mental, uma vez que negar a realidade é não aceitar que as pessoas são o que são, o que querem e como podem. Muita gente passa anos reclamando da vida e das pessoas ao redor sem aceitar a realidade. Claro que aceitar o jeito de ser de alguém como realidade não significa gostar disso, mas olhar para a situação e dizer:“O.k., essa é a realidade. O que faço com isso? Qual a melhor atitude que posso tomar a partir daqui?”, porque, desse modo, se adota uma postura proativa, disposta a uma mudança real e possível. Assim, não nos tornamos reféns do mundo.

 

O quarto pensamento inimigo da sanidade mental é a autodepreciação. São os pensamentos mais negativos contra si mesmo, como: “E se ele não gostar de mim?”, “E se ela me achar feio?”, “E se o outro time for melhor?”, “Eu não vou conseguir”, “Eu não sou inteligente”, “Eu não sou bonito”, entre outros.

 

Quando o problema for o medo de errar, é preciso lembrar-se: não adianta, você vai errar. Mas o que fazer para errar menos ou com as menores consequências possíveis? A ideia é se preparar e dar o melhor de si. O resto é com a vida. Vale lembrar que pessoas de sucesso são aquelas que têm a capacidade de aprender com suas experiências, ou seja, no lugar de se agarrarem ao medo de tentar, elas se dedicam ao máximo. E, quando as coisas desandam, assimilam as experiências não como fracassos, mas como resultados e as usam para modificar suas atitudes e prosseguir com seus objetivos. O mundo não gira ao nosso redor e não temos o controle de tudo. Aceitar esse fato é libertador.

 

COMO CITEI, EXISTEM CINCO MODOS SAUDÁVEIS DE LIDAR COM A ANSIEDADE: VAMOS À LISTA:

 

  • Fazer esporte. Nosso corpo não foi feito para ficar parado e, quando não nos mexemos, ele começa a pensar e organizar nossos pensamentos de maneira inconsciente, lembrando-nos dos problemas que precisamos resolver. Esse é um mecanismo adaptativo, que deveria nos ajudar a sobreviver e a viver melhor, mas que faz com que a gente quase enlouqueça nos dias atuais.
  • Buscar apoio na meditação, uma técnica que ajuda muito a diminuir a ansiedade justamente por também controlar o mecanismo do cérebro de ficar dando voltas e se lembrando de problemas.
  • Procurar alternativas maturais de relaxamento, como aromas para borrifar na roupa de cama, sucos e chá de erva-cidreira e os aromas da lavanda e da alfazema. Massagens e acupuntura também podem ajudar.
  • Repensar um namoro que não está legal, um emprego que está trazendo nervosismo, hábitos prejudiciais, renegociações de contratos e de trabalho, pressões desnecessárias, entre outros 
  • Conversar com alguém de confiança, com sinceridade e sem julgamentos. Abrir-se pode tirar de você aquele peso que carrega sozinho. Às vezes, apenas precisamos chorar.

 

Fonte:

Leo Fraiman – Psicoterapeuta(CRP 06/40544), mestre pela USP, especialista em psicologia educacional, palestrante e escritor. Acaba de lançar os livros “Projeto de Vida 100 Dúvidas”, “GPS Profissional” e “Como Ensinar Bem” e a revista ”Kit Vestibular Sem Medo e Sem Stress”. Colaboração: Laura Stoppa, jornalista.

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