A musicoterapia é uma intervenção terapêutica que se utiliza da música para promover melhora na qualidade de vida do paciente, bem como seu maior desempenho nos aspectos biopsicossociais.
O contato do doente de Alzheimer com a música torna a vida de toda família mais prazerosa.
A intervenção da musicoterapia no tratamento da pessoa com a Doença de Alzheimer tem como objetivo utilizar, resgatar e ampliar os componentes pessoais existentes nas sensações, percepções, afeto, escuta, habilidades motoras, espaciais, temporais, mobilização de energia, atenção, memorização, concentração e expansão. Estes componentes permanecem adormecidos devido à doença, podendo ser despertados por meio da música, pois, para se relacionar com a música, o paciente necessita acioná-los.
A música amplia as formas de comunicação, acalma e traz diversas recordações, desde uma história vivenciada com sua melodia, ritmo e letra, que trabalham a memória, as emoções e o corpo.
A musicoterapia estuda o ser humano em sua complexidade por meio do diálogo que faz entre a música, terapia e desenvolvimento humano.
Os objetivos terapêuticos envolvem a reeducação/estimulação e a expansão de um trabalho individual para um contexto amplo envolvendo cuidadores, partindo da premissa básica que para se tornar saudável é preciso considerar o indivíduo em seu contexto familiar e social.
Através a prática diária e sistêmica, estimule seu familiar a dançar e cantar ao ritmo do som escolhido. Certamente a música despertará o bom humor e bem-estar e facilitará a comunicação e as relações interpessoais.
Pergunte sobre suas preferências musicais e as utilize no trabalho de musicoterapia.
Para o estímulo à memória, é possível tocar um trecho da música e verificar se ele canta o restante, dar-lhe a letra por escrito faltando alguns trechos para que sejam completados, ou simplesmente estimular a recordação de alguma palavra.
Deixe músicas calmas e com baixo volume durante atividades que podem deixar seu familiar irritado, como tomar banho ou fazer refeições.
Os filósofos realizavam investigações profundas no que diz respeito a efeitos da música sobre a mente e o corpo. Hipócrates utilizava-a no tratamento de perturbações espirituais. Platão, para a saúde física e psíquica, como angústias e fobias. Aristóteles para as emoções profundas e reprimidas.
A música foi bastante utilizada para reduzir a ansiedade dos doentes da segunda guerra. Os resultados positivos atraíram ainda mais a atenção dos médicos, despertando-lhes o interesse pela musicoterapia, que faz parte do grupo das terapias expressivas. Ela é a experiência que o indivíduo vivencia com e através dela. Ao libertarmos emoções por meio da música, indicamos o que pensamos e como vivemos a vida.
A música atua como parceira do terapeuta no processo de intervenção. Em musicoterapia, o paciente é convidado a se relacionar com os elementos sonoros e musicais e, a partir desta relação, o ato de cantar, ouvir a música e o som, ou até mesmo tocar, expressa como o indivíduo faz para ser ouvido e como faz para ouvir.
Na musicoterapia o indivíduo é chamado para resolver problemas musicais: explorar alternativas, a beleza, sentido e significado, testar alternativas, fazendo-o relacionar a experiência musical vivida na terapia com sua forma de vida.
Atuação terapêutica dos elementos musicais:
Ritmo
Dá forma, materializa o tempo e o espaço. É o pulsar da vida física.
Estimula a vida fisiológica: execução e elaboração de movimentos físicos – melhora a locomoção, mobilidade e motricidade oral.
Melodia
É a sucessão temporal de sons e silêncios.
Estimula a vida psíquico-emocional por meio dos procedimentos melódicos: escalas, intervalos, canções.
Aprimora e resgata o afeto, a autoestima, a memória e a percepção.
Harmonia
Está associada aos aspectos cognitivos e ao pensamento.
Estimula a vida psíquico-social: resgatar e ampliar a comunicação verbal e não verbal, a convivência e o sentimento de pertença.
Atividades musicais
As atividades poderão ser realizadas em sessões de musicoterapia juntamente com o musicoterapeuta, que facilitará a técnica, e em casa junto com familiares e cuidadores.
As atividades praticadas pela família não substituem a terapia que necessitam do auxílio de um profissional para ajudar a aliviar as situações de crise, de impaciência, de medo, de raiva, de revolta, de isolamento e de perda de energia, tanto da família, como do cuidador, bem como da pessoa com a Doença de Alzheimer.
A música pode transformar o impossível em possível, o sofrimento e a dor em aprendizado, e resgatar a autonomia das pessoas. Ao mesmo tempo em que ela desvia a atenção da dor e alivia a ansiedade, acessa e resgata a força interior e a essência do ser, pois ela interfere na circulação do sangue, na pulsação, na respiração e na temperatura do corpo.
O estímulo musical aumenta a liberação de endorfina, resgata a alegria e possibilita ao corpo criar seu próprio anestésico, melhorando a função imunológica, além de refinar e facilitar os processos do reaprender.
A musicoterapia é capaz de estimular em si e no outro as capacidades de pensar, ser e vivenciar a vida de maneira dinâmica, criativa e harmoniosa.