O NINHO ESTÁ VAZIO:OS FILHOS VÃO VIVER A PRÓPRIA VIDA

A saída dos filhos do lar onde nasceram e cresceram é natural e serve também como aprendizado para mães e pais, que sofrem pelo apego que desenvolveram pelos seres que geraram, mas que devem seguir em frente para escrever sua história de vida.

 

 

Na nossa juventude, os poemas de Gilbran Kalil Gilbran já nos alertavam de que nossos filhos vinham através de nós, mas não para nós.

Quando pais de filhos pequenos, festejamos cada conquista: os primeiros passos (sem saber que esse era um primeiro ensaio do que um dia os levaria para longe de nós), as primeiras palavras (sem saber que um dia seriam usadas para intermináveis discussões), a autonomia em se vestir, a destreza em “comerem sozinhos” – exercícios de liberdade, que lhes permitiriam alçar Voo.

 

O poeta tinha razão: um dia (se a vida der certo), eles partem. Devemos celebrar a vitória pelo sucesso que tivemos ao educá-los para enfrentar a vida? Congratulamo-nos com o companheiro (ou a companheira) o destino desses seres independentes? Festejamos a liberdade do casal, agora de novo sozinho (como já esteve, quando esse enredo começou)?

 

É o que deveríamos fazer, pois são os louros por escolhas bem feitas, por uma vida bem-sucedida. Mas nem sempre esse momento é vivido com a alegria e as comemorações que mereceria. Quando os filhos já criados seguem seu rumo, a casa vazia é, em muitos casos, povoada de angústias. O casal se reencontra, a sós, como estava quando fazia o esboço do enredo que o conduziu até ali. Mas, naquela primeira fase, os dois parceiros estavam carregados de sonhos, matéria-prima com que elaboravam os planos de futuro. Agora, esses planos diminuíram: os projetos foram realizados, substituídos por outros mais realistas, ou abandonados. Há mais lembranças do que sonhos, mais recordações do que desejos.

 

Aparentemente, envelhecer é mais fácil para os homens: as propagandas chegam até a valorizar neles as pequenas rugas ao redor dos olhos, os cabelos grisalhos nas têmporas.

 

Mas ninguém louva as rugas nem as cãs de as uma mulher mais velha. Elas precisam lançar mão de cremes, tinturas, ginásticas e cirurgias, em uma luta contínua contra as marcas do tempo, sob o risco de serem acusadas de relaxadas.

 

Na intimidade, a situação se inverte: parece que as mulheres têm mais recursos internos para lidar com os desafios da vida depois dos 60anos. Quando uma mulher se aposenta, continua com inúmeras atividades e interesses com que ocupar seu tempo livre: a casa, os netos, leituras, trabalhos filantrópicos, manuais. O lar é seu território. Mesmo que ela tenha se dedicado a uma carreira, nunca esteve ausente deste lado da vida.

 

A situação é diferente para um homem, cujas ocupações sempre correram em paralelo com a vida doméstica: enquanto os filhos.

 

Fonte:

Lidia Aratangy.

Psicoterapeuta de casais e família, escritora, mãe de quatro filhos e avó de nove netos.

 

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