Treinamentos cerebrais com o uso da tecnologia (brain training)

Você costuma perder suas chaves e óculos? Esquece onde deixou objetos, consultas, alguns compromissos, nomes e aniversários de pessoas próximas e queridas?

 

Nessas situações, sempre fica a dúvida sobre o que se pode fazer para deixar a memória mais afiada.

 

O estresse e a correria do dia a dia tornam o “lembrar-se de tudo” cada vez mais difícil, porém hoje, com tanta tecnologia a nosso favor, encontramos atividades que podem ajudar a melhorar a capacidade cognitiva (capacidade de efetuar tarefas) do cérebro, deixando-o mais atento, saudável e forte.

 

Essas atividades incluem jogos digitais em computadores, tablets ou iPads e até mesmo smartphones.

 

Basta você praticar por algumas rodadas e seu cérebro vai começar a recordar nomes, listas de compras, datas e números de senhas, lembrando os tempos de juventude. Esses jogos digitais de treinamento do cérebro são realmente uma boa ideia. Eles baseiam-se, em grande parte, na evidência de que viver em um ambiente enriquecido com muita estimulação mental produz alterações cerebrais positivas. Cientificamente, o cérebro tem um enorme potencial de neuroplasticidade, isto é, de mudar, moldar-se e adaptar-se pela remodelação das conexões das células nervosas após novas experiências, a fim de melhorar a aptidão mental e prevenir o declínio da memória relacionado com a idade. Por essa razão, as empresas têm contratado neurocientistas brilhantes como designers dos melhores jogos para o cérebro no mercado.

 

Existem provas reais de que esses jogos são eficientes. Há mais de 50 estudos científicos sobre o benefício desses treinamentos em cérebros humanos, e o resultado tem sido bastante encorajador. Em várias experiências efetuadas com adultos acima de 67 anos, seus cérebros melhoraram a velocidade de processamento, conforme publicação do Journal of the American Geriatrics Society. A premissa desses treinamentos é que, conforme envelhecemos, o cérebro se torna menos eficiente no processamento de informações (mudanças degenerativas no córtex associativo do cérebro),o que resulta num declínio da memória. Daí a necessidade de ele ser muito estimulado. De acordo com neurocientistas, exercícios para o cérebro que se concentram em habilidades de raciocínio levam a melhorias duradouras na vida diária. Como se chegou a essa conclusão? Sherry Willis e seus colegas da Universidade do Estado da Pennsylvania observaram, por um longo período de tempo, aproximadamente 3 mil idosos relativamente saudáveis que efetuavam treinamentos cognitivos para desenvolver a memória, o raciocínio e as habilidades de velocidade de processamento versus um grupo de controle sem contato com treinamento algum. Os exercícios consistiram em sessões de apenas uma hora por semana. Surpreendentemente, em dois anos, não houve benefício nas atividades diárias, e o resultado dos dois grupos foi muito semelhante. Mas, depois de cinco anos, o grupo de exercícios para melhorar o raciocínio apresentou um melhor desempenho nas atividades diárias (um efeito que foi mais perceptível pelo fato de alguns no grupo controle apresentarem declínio), como lembrar-se de listas, efetuar cálculos, além da melhora na sensação de bem-estar.

 

Esses resultados sugerem que uma sessão de treinamento, mesmo que de curta duração, somada a reforços periódicos, pode induzir a uma longa duração cognitiva e funcional.

 

Assim como a ciência da terapia ocupacional visa promover, potencializar e restaurar as habilidades e o desempenho ocupacional, tanto físico como cognitivo e psicossocial da pessoa necessitada, o treinamento cerebral visa principalmente melhorar e manter a capacidade cognitiva da pessoa através de exercícios cerebrais que trabalham a lógica, o raciocínio, o foco, a atenção, a lógica e a memória.

 

Analogamente ao tratamento feito por um terapeuta ocupacional para restaurar habilidades comprometidas, o treinamento do cérebro é efetivo em pessoas com distúrbio de memória leve. O trabalho pioneiro do psiquiatra David Loewenstein e seus colegas da Universidade de Miami demonstrou que um programa de reabilitação cognitiva de treinamento de habilidades, tais como pagar e efetuar contas, associar nomes com caras e praticar jogos cerebrais, ajudou indivíduos com Doença de Alzheimer em estágio inicial a melhorar nas tarefas que foram treinadas inicialmente e até três meses após a intervenção ser concluída.

 

O objetivo terapêutico do treinamento cerebral é manter a autoestima elevada e uma constante sensação de bem-estar, e isso   acaba sendo feito de uma maneira sutil, quase natural, simplesmente porque a área do cérebro responsável por todas essas funções trabalhadas no treinamento é o hipocampo, que também atua no controle das emoções e do comportamento.

 

Portanto, ao se estimular constantemente essas habilidades, a pessoa volta a sentir-se bem.

 

Como o treinamento cerebral utiliza tecnologia de ponta, traz, para a terceira idade, benefícios que são muito interessantes, como diminuir o gap entre as gerações, por inserir o idoso no mundo tecnológico. Assim, ele pode até, com confiança, iniciar e manter diálogos interessantes com familiares de outras gerações e, com isso, passar a ter mais iniciativa e independência. Sentindo-se confiante, consegue vencer os desafios diários, passa a ter uma atenção mais plena e mais focada no que está fazendo, conseguindo se lembrar mais das coisas e, principalmente, com mais motivação para as atividades diárias.

 

Fonte:

Sandra Langer

Formada em ciência da computação, administra treinamentos de informática há mais de 30 anos, bem como treinamentos cognitivos, que ajudam idosos na reconquista do seu potencial cerebral, além de prevenir sintomas de doenças degenerativas cerebrais.

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