VIVA A MATURIDADE COM BEM-ESTAR E INDEPENDÊNCIA

PESQUISAS REALIZADAS NOS ULTIMOS ANOS PELA BRASIL DATA SENIOR, COMPROVAM QUE TEMOS UMA NOVA GERAÇÃO DE PESSOAS MADURAS NO BRASIL: INDIVÍDUOS OTIMISTAS E MAIS ATIVOS QUE ATRIBUEM ESSE NOVO FÔLEGO AO FATO DE SEREM INDEPENDENTES.

 

Mesmo convivendo em uma sociedade ainda preconceituosa e, somente com 25% dos pesquisados relatando que estão satisfeitos com os produtos e serviços oferecidos, Sempre Jovem constatou que “novo” perfil do Sênior brasileiro veio para ficar. Roberto Shinyashiki é autor de vários best-sellers e conferencista de renome internacional, sua formação une a psiquiatria com administração de empresas. Nessa entrevista exclusiva, ele nos ajuda a entender como viver uma nova realidade na maturidade, com mais anos de vida.

 

SEMPRE JOVEM: Como o senhor analisa o fato de a grande maioria dos Seniores ser otimista em relação ao futuro e terem mais autonomia e a discriminação da nossa sociedade que chama essa nova geração de terceira idade, melhor idade?

 

ROBERTO SHIVYASHIKI: É bastante lógico que as pessoas de mais idade que estejam preparadas para os dias atuais se sintam otimistas e com alto grau de autonomia e satisfação pessoal. Afinal, nunca houve tantas oportunidades quanto agora para que a experiência pessoal e profissional, adquirida ao longo da vida, sejam tão valorizadas.

 

As pessoas que têm essa consciência de oportunidade e que se mantêm atualizadas só têm boas perspectivas quanto ao futuro. Quanto à discriminação ao pessoal da “terceira idade, esse é um fator que tende a perder força, à medida que a necessidade da presença dessas pessoas se torna cada vez mais evidente em todos os setores do mundo moderno.

 

SJ: Na sua visão, porque ser independente no dia a dia é vital para os Seniores?

 

RS: Ter certo de grau de independência é vital para todos, não importa a idade. Quando a pessoa tem mais idade, as limitações físicas se acentuam e isso tira muito sua autonomia. E preciso aceitar, mas é necessário não se render a isso.

 

O fato de ter limitações não significa que você tem que ser totalmente dependente de outras pessoas-exceto, é lógico, em casos extremos de problemas de saúde.

 

Conservar a sua independência tanto quanto seja possível é saudável para que você possa ver sentido em sua vida. Uma vida onde a pessoa passe a se enxergar somente como um peso para os demais, sem contribuir com coisa alguma, com certeza não traz felicidade.

 

SJ: Com o aumento da expectativa de vida, é possível fazer planos para o futuro com 60, 70 anos de idade. Trata-se de uma quebra de paradigma. Vivemos uma nova realidade?

 

RS: Vivemos uma realidade onde a expectativa de vida aumentou significativamente e traz confiança no futuro, mesmo depois dos 60 anos. Ao mesmo tempo, temos a realidade de que a população brasileira, como um todo, está envelhecendo. O que significa que as perspectivas profissionais para quem tem mais idade aumentam a cada dia. Hoje não se pode pensar em resultados sem pensar em uma parceria entre a ousadia e a rapidez da juventude e a experiência e a visão dos profissionais mais maduros. Isso gera um quadro que muda todos os paradigmas relativos à idade, que existiam até uma década atrás.

 

S.J: Nossas pesquisas também revelam que as mulheres lidam melhor com essa fase da vida do que os homens. Como construir um futuro renovado?

 

RS: O fato de as mulheres permanecerem mais ativas que os homens sempre deram a elas um sentido maior de estarem contribuindo para algo. Quanto aos homens, ao se aposentarem vinha junto um sentimento de “inutilidade”. Daí essa característica de as mulheres se manterem mais auto-motivadas que os homens.

 

Como hoje as perspectivas estão mudando com relação à idade, a aposentadoria e, principalmente, quanto ao valor da experiência dos profissionais mais velhos, a tendência é que os homens também passem a se autovalorizar e a olhar mais para o futuro. Lógico que isso só vai acontecer para aquelas pessoas que, mesmo com mais idade continuarem a aprender e a se atualizar, para encarar as novas tendências, tecnologias e conceitos do mercado de trabalho. Quem não se atualizar, vai continuar vivendo no passado e sem motivação para viver. 

 

SJ: E o segredo para reinventar o casamento?

 

RS: A vida profissional influi bastante qualidade da relação de casal. Quando o homem e a mulher se sentem úteis e satisfeitos com o seu papel na vida, fica bem mais simples cuidar da relação. Quando o casal já tem mais idade, em geral há menos preocupações com a criação dos filhos, com o lado financeiro e mesmo com o sucesso profissional. Tudo acontece de um jeito mais suave e isso facilita o relacionamento.

 

Reinventar o casamento nessas condições fica bem mais simples e só depende dos parceiros aprenderem a desfrutar dessa nova realidade.

 

SJ: Como ocupar o tempo de forma digna e, sentir-se útil na maturidade? Como viver a viuvez de forma saudável?

 

RS: O fato de não ter mais compromissos formais não significa deixar de se interessar por tudo. O principal para manter a autoestima e a satisfação pessoal é manter-se fazendo algo que tenha significado em sua vida. Fazer algo de que você goste e aproveitar o tempo que você tem para se dedicar a atividades que lhe dão prazer.

 

É preciso descobrir o sentido de sua vida e continuar atuando nele, mesmo que os compromissos mudem ao longo da sua jornada.

 

Quanto à viuvez, o importante é viver totalmente a dor da separação quando o parceiro se vai, mas depois entender que a sua vida continua e que ela precisa ser retomada. O que não dá é para ficar usando luto pelo resto da sua vida.

 

SJ: E a relação com os filhos e netos, que nossas pesquisas apontam como uma fonte importante de felicidade?

 

RS: O relacionamento com as pessoas que você ama é que realmente importa para a felicidade. Por isso é importante cultivá-los de modo saudável e prazeroso. É importante procurar construir, durante toda a sua vida, um relacionamento bom com seus filhos, e depois com os netos. Isso faz bem para a alma da gente.

 

Lógico que há pessoas que não conseguiram construir uma relação boa e isso vai dificultar a felicidade. Nesses casos, aconselho tentar se aproximar dos filhos e netos e corrigir os erros que foram cometidos no passado.

 

SJ: Como conciliar a experiência do passado e as demandas do mundo moderno, com o avanço da tecnologia e a inserção digital?

 

RS: Só tem um jeito: continuar a se interessar por tudo o que tem a ver com a sua área de atividade e estudar. Ler, fazer cursos, seminários, assistir palestras, pesquisar. Não dá para acompanhar um mundo que muda com tanta velocidade ficando sentado no sofá assistindo TV.

 

SJ: Como devemos lidar com os erros do passado?

 

RS: Aprender com os erros, pedir perdão para as pessoas que magoamos ou prejudicamos, e depois enterrar esses erros, deixá-los no passado que é o lugar deles. Carregar o peso do passado nas costas atrasa a sua caminhada e impede a sua felicidade.

 

SJ: Na sua opinião, o que é ser feliz na maturidade?

 

RS: Ser feliz em qualquer idade é estar bem consigo mesmo. Nenhum tesouro do mundo externo é tão valioso quanto o seu tesouro interno. Nenhuma felicidade do mundo tem sentido se você não estiver em paz consigo mesmo, se você não puder sentir que está cumprindo o seu papel na vida.

 

Na maturidade, você já tem um longo caminho percorrido e já pode avaliar o que fez da sua vida e ajustar o seu rumo para seguir adiante com mais confiança e mais certeza. Ajuste a sua rota de modo a estar satisfeito com a sua atuação. Tenha consigo a certeza de que o mundo está um pouco melhor pelo fato de você estar atuando nele.

 

COMO PENSADOR, ROBERTO NOS ENSINA QUE:

  • Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite nele.
  • Vencer não é competir com o outro.
  • É derrotar seus inimigos interiores.
  • Quando o indivíduo tem compromisso com sua essência, a vida não se torna um fardo pesado de carregar.  Converse com Deus, oração e meditação são fontes de inspiração.
  • Devemos ser amigos de nós mesmos, compreendendo nossos erros e sendo nossos cumplices para enfrentarmos os desafios. O medo reside no sofrimento do passado e cria a dor do futuro.
  • Quando o amor é artificial. o dinheiro tornar-se fundamental.
  • Sua vida é consequência do que você é.

 

Fonte:

Roberto Shinyashiki-Psiquiatra, Escritor e Conferencista

× Como podemos te ajudar?